O Texto abaixo foi dito para todos os sensitivos que estavam na confraternização de final de ano. Para aqueles que não puderam estar, fica o mesmo sentimento de carinho e amor.
"Ontem à noite eu chorei. Lágrimas foram surgindo de meus
olhos e dentro em pouco eu chorava copioso e silenciosamente. A principio não
entendi exatamente o porquê daquilo. Tentei em vão conter as lágrimas, representando toda força que busco sempre, ao auxiliar as dores daqueles que me
procuram, mas logo em seguida, como apenas um ser humano, deixei que caíssem
como deveria ser. Em cada lágrima fui entendendo situações, das mais simples as
mais complexas, das vidas das pessoas que me procuram em auxílio. Aprendi,
desde muito cedo, em meu sacerdócio, que não existem problemas pequenos, existe
“o” problema que a pessoa esta vivendo no momento, e que esse problema é do tamanho
daquele momento para aquela pessoa. Saber e entender isso facilitou muito meu
caminho, porque com isso pude ser mais prestativo, não julgando situações,
vícios, e sentimentos, mesmo por mais “fúteis” que pudessem parecer. Tenho
comigo algumas frustrações pessoais, por não ter podido auxiliar algumas
pessoas, que, penso eu, não me deram uma chance maior de estar próximo em
alguns momentos, ou apenas por pura falta de sensibilidade da minha parte.
Minha estrutura espiritual, a forma particular com que observo o mundo ao meu
redor, me condiciona a certos ritos que, penso, talvez me afastem de algumas
situações e ou pessoas e por isso de algumas impossibilidades de auxilio, a
algumas pessoas, como disse acima.
Fui derramando as lágrimas e entendendo que cada situação
vivida pelas pessoas que me procuram, e procuram pelo Templo, são situações
minhas, ou poderiam ser. Sei que trago junto de mim algo que chamo de “Axé
Pessoal”, e que através dessa força tenha a possibilidade de manter as pessoas
que amo protegidas. Esse axé pessoal não é uma propriedade minha, mas de todos
os seres humanos, alguns para algumas situações, como ganhar dinheiro, por
exemplo; outros para as artes; alguns, também para a medicina, e nesses casos
entram enfermeiras(os), médicos, instrumentistas. Podemos saber, e sabemos
quando alguém esta exercitando seu axé pessoal, porque essa pessoa vai fazer o
que faz com amor, mesmo não tendo facilidade em algumas situações, ela irá se
empenhar com todas as suas forças para que aquilo aconteça. O axé pessoal é
soma do amor com a determinação. A minha é cuidar para que as pessoas
conquistem o que desejam, mesmo que para isso, em alguns momentos eu apenas
sirva de confessor.
Minhas lágrimas foram por e para todos aqueles que me
acompanham nessa jornada, e que, nesse momento peço “ago”(licença) para falar
que cada palavra, cada momento que passamos juntos, cada sorriso, queixa, e
lágrimas tem me ensinado a respeitar a dádiva de te-los comigo. Cada axé
pessoal que vem até mim, mesmo que destroçado ou diminuído pelas dores do mundo, cabe para que eu entenda e admire a luz de Olorum em meu caminho.
Alguns desistem de
mim... E para estes fica tudo de bom que desejei um dia. Mas, para aqueles que
seguem comigo, fica meu axé, minha proteção, minhas lágrimas, meu abraço, meu
carinho e tudo o que eu puder fazer para que sejam felizes.
Ontem eu chorei... E essas lágrimas foram por todos
aqueles que sofrem, se determinam, não desistem, mesmo em meio a turbilhoes de
desassossegos pessoais e sociais. Ontem eu ganhei um abraço de conforto. Ah, e
como esse abraço foi grande naquele momento para mim, como se o mundo houvesse
criado cor e toda dor tivesse se esvaído diante dele. O abraço que recebi foi
verdadeiro, como os que ofereço e os que são oferecidos nas sessões, no Templo,
constantemente. Mesmo que seja com meu olhar, quando não posso expressa-lo com
o corpo, meu abraço é verdadeiro e fiel, e tem todo meu axé de proteção.
Aprendi que estou ligado a todos os que estão ao meu redor, mesmo que alguns
deles não acreditem nisso, e isso me torna parte da vida deles.
Ontem chorei por todos os que amo, e talvez por alguns
que virei a conhecer. Na minha dor recebi um abraço e ele confortou minha dor,
que talvez não fosse minha. Por isso lanço uma proposta e um objetivo para cada
um de vocês que amo e me amam: de um abraço em quem você ama nesse momento, e
mais, tente auxiliar apenas uma pessoa nessa semana, mesmo você não conhecendo
essa pessoa. Para que esse auxilio seja válido, não procure, ele vai aparecer.
E para todos os que me amam, não chorem, me deem
um abraço agora. Estou esperando!"
Muita paz e muitos abraços confortantes para todos.
Rigoberto Franceschi, escritor, Dirigente do Templo
Guerreiros da Luz.